11 de mar. de 2011

Comendo e descomendo

sabiá barranco Gente que saudade de vocês.... É que não estou tendo muitas novidades, os ovinhos da Nina goraram todos. E o Tuty e a Babi........deixa pra lá..kkk

Mas estive lendo uma matéria essa semana na Revista Terra da Gente e achei legal coloca-la aqui no blog.

No conto infantil "A chave do tamanho", de Monteiro Lobato, a boneca Emilia vê um gafanhoto verde ser engolido por uma corruíra e filosofa: "Que coisa horrorosa o papo das aves! Verdadeiros barris sem fundo." O que dizer, então, sobre os filhotes? Sabemos que, na fase de crescimento, os animais precisam comer mais que os adultos e as aves não são exceção. Quem teve a oportunidade de observar um ninho com filhotes, sabe do grande número de viagens que os pais precisam fazer para buscar alimento para os barrizinhos sem fundo.

chupim A coisa fica pior quando uma fêmea de chupim (Molothrus banariensis) bota seus ovos no ninho das outras aves, como é de seu costume. Deixa seus filhotes para serem criados por pais "adotivos", que também é o caso dos Diamantes de Gould que também não chocam seus ovos, e assim temos que coloca-los nos ninhos dos Manons;  que não percebem diferença entre a sua prole e os intrusos. Um casal de sabiás-barranco (Turdus leucomelas) pode ser assim logrado e, ao invés de criar seus filhotes, acaba criando um ou mais chupins. Um filhote de chupim pedincha comida mais energicamente que os filhotes do sabiá e acaba comendo mais.

Por vezes, o chupim cresce mais rapidamente que os demais filhotes e acaba os expulsando do ninho, especialmente se a construção for pequena e rasa (acidentes acontecem), rsrs.

Porém, para continuar comendo, é necessário "descomer", como disse Monteiro Lobato sobre morgegos que comem figos, num outro dos seus contos. No caso do chupim e diversas outras espécies de pássaros, as fezes vêm acondicionadas em um tipo de membrana branca que facilita a remoção do "descomido" pelos pais. O assim chamado saco fecálico é cuidadosamente removido, com o auxílio do bico do adulto, à medida que vai sendo "descomido" pelo filhote.

andorinha Em algumas espécies, como as andorinhas, o saco fecálico é largado pelos adultos longe do ninho, possivelmente um modo de evitar atração de predadores às proximidades do ninho. No caso do sabiá, o saco é engolido assim que removido, em particular as fêmeas, que ficam mais estressadas que os machos com os cuidados com a prole. E nada de fazer cara de nojo! Isso é chamado de reciclagem, ou "Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Até parece filosofia da Emilia....

 

Créditos:

Revista Terra da Gente

Ivan Sazima

Janeiro/2011

 

beijos 4

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